Recomenda ao Governo o combate ao abandono escolar no ensino superior
Esta problemática, a par do sucesso/insucesso escolar no ensino superior, tem sido alvo de um interesse crescente, da elaboração de diversos trabalhos académicos e alvo de reflexão e debate. As instituições de ensino superior, os representantes dos estudantes, os sucessivos governo, o próprio Parlamento e outras entidades do setor têm-se debruçado sobre esta matéria e sobre as suas múltiplas dimensões.
No entanto, a análise do fenómeno do abandono escolar é um exercício com uma complexidade bastante assinalável, para o qual não é possível obter dados totalmente fidedignos e onde não basta atender ao número de anulações registadas. Com efeito, a crescente flexibilidade dos percursos educativos dos estudantes, com a possibilidade de realização de transferências e mudanças de cursos, acarreta que a anulação de uma inscrição/matrícula em determinada instituição de ensino superior não possa ser considerada liminarmente como abandono escolar.
Um grupo de trabalho formado pelo Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas em 2013 concluiu, em linha com o referido, no que respeita aos motivos para o abandono escolar, que esta situação tem “vários fatores na sua génese: questões de ordem vocacional, dificuldades em corresponder ao grau de exigência da formação superior, dificuldades de gestão de tempo/carga horária (especialmente no caso dos mestrados), desmotivação gerada por expectativas goradas, défices de formação de base, perceção de dificuldade de empregabilidade em algumas áreas, dificuldades económicas, entrada no mercado de trabalho, entre outras”.
Devido à consciência da gravidade do facto e à sua complexidade, ao longo dos últimos anos, o Governo PSD/CDS, procurando compreender o fenómeno instou a DGEEC a desenvolver um estudo sobre o impacto do sistema de bolsas no sucesso e no abandono escolar, e implementou respostas como o Programa Retomar, com o intuito de promover o reingresso no Ensino Superior bem como introduziu melhorias significativas no sistema de bolsas aumentando o limiar de elegibilidade na atribuição de bolsa de estudo para os 16 IAS, e em alguns casos as próprias instituições de ensino superior desenvolveram respostas próprias.
Esta matéria, que foi discutida no Seminário sobre o Sucesso Académico de maio de 2015, é comprovada no quotidiano por todas entidades académicas. A par dos abandonos por dificuldades económicas, registam-se várias outras causas e motivações no momento de anular a inscrição/matrícula.